Chefe do Hezbollah para a América Latina recrutou no Brasil, diz ministra argentina

Integrantes do Hezbollah seguram bandeiras com o símbolo do grupo próximos à fronteira de Israel • 25/05/2023REUTERS/Aziz Taher

O chefe de operações do Hezbollah na América Latina recrutou um homem no Brasil para contrabando de explosivos na década de 1990, disse a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, nesta sexta-feira (25).

Bullrich identificou Hussein Ahmad Karaki como sendo o chefe do Hezbollah na América Latina e o responsável por um atentado contra a embaixada israelense na Argentina em 1992.

Segundo a ministra, ele esteve na Argentina, Brasil e Paraguai entre os anos 1990 e 1991. Atualmente, Karaki está vivo e se encontra no Líbano, ainda de acordo com Bullrich.

“Após os atentados à embaixada de Israel e à AMIA [Associação Mutual Israelita Argentina], ele desapareceu do radar e não foi detectado pelos serviços de inteligência ocidentais por vários anos”, comentou.

Durante coletiva de imprensa, foi informado ainda que a Argentina está pedindo “alerta vermelho” de maneira imediata e que está em cooperação.

Atentados de 1992 e 1994

Em 1994, um ataque a bomba contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) matou 85 pessoas e deixou centenas de feridos.

Em abril de 2024, juízes argentinos decidiram que o ataque foi realizado pelo Hezbollah e respondeu “a um projeto político e estratégico” do Irã.

Promotores também acusaram autoridades iranianas graduadas e membros do Hezbollah de ordenar o atentado, bem como um ataque em 1992 contra a embaixada israelense na Argentina, que matou 22 pessoas.

Não há presos ou condenados por nenhum dos dois atentados.

Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio

ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.

São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.

Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.

O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.

As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.

Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.

Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.

Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.

Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.

O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto pelo Exército israelense no dia 16 de outubro, na cidade de Rafah. 

Créditos: Luciana Taddeo e Tiago Tortella, da CNN, em Buenos Aires e São Paulo