Em novembro de 2025, Belém, no coração da Amazônia, sediará a 30ª Conferência da ONU sobre Clima. Trazer chefes de Estado à maior floresta do planeta não é mero gesto simbólico: é aviso de que a régua da discussão subiu.
Enquanto diplomatas ajustam o roteiro, empresas e investidores correm para chegar a Belém com dados que provem que metas ambientais, sociais e de governança — o conhecido ESG — deixaram de ser marketing e viraram condição para crédito e contratos. A cobrança não incidirá sobre promessas, mas sobre entrega.
Nesse front, a tecnologia trabalha em silêncio. Satélites detectam clareiras minutos após motosserras entrarem em ação; drones rastreiam rotas do gado e exibem, em alta definição, se há mata ciliar ou pasto ilegal. Esses pixels alimentam modelos de inteligência artificial que calculam risco climático e guiam bancos na aprovação — ou recusa — de empréstimos. Fintechs conectam produtores a mercados de carbono, remunerando quem mantém a floresta em pé.
Na mesa oficial de negociação, outro ponto sensível: dinheiro para adaptação. Brasília tenta emplacar um fundo amazônico que inclua vizinhos sul-americanos; os Brics ensaiam linha de financiamento ao Sul Global. Todas as cifras serão comparadas à promessa de Paris, feita há dez anos, de mobilizar US$ 100 bilhões anuais — meta ainda longe de virar realidade.
Para o brasileiro comum, tantos zeros parecem distantes, mas as consequências já chegam às gôndolas. Supermercados europeus vetam carne sem rastreabilidade livre de desmatamento; exportadores de café usam sensores de umidade para provar uso racional de água; marcas nacionais que anunciam carbono neutro passaram a detalhar metodologia em linguagem direta. Transparência virou requisito de mercado.
A Semana do Meio Ambiente, que movimenta escolas e empresas, é chance de trazer o debate para perto. Calcular a própria pegada de carbono, comprar de negócios que transformam resíduos em matéria-prima e pressionar governos locais por ônibus elétricos são gestos individuais que pesam na balança a ser conferida em Belém. A COP-30 será ponto de checagem global; o rumo, porém, se decide antes, nas escolhas que cada um faz hoje.
Fonte:bahianoticias